A menina do interior apaixonada por aviões.

Era uma vez uma menina do interior do Rio Grande do Sul que desde a sua infância era apaixonada pelo céu… e por aviões!

Frequentava o aeroclube de sua cidade do interior para ver os “téco-téco”, pois, queria muito ser comissária de voo, ela lembra que sempre via um outdoor falando da profissão quando vinha a Porto Alegre.

Sempre disse que queria ser Aeromoça…

O tempo passou, e as facilidades de acesso a direcionaram a estudar Publicidade e Propaganda na cidade de Caxias do Sul.

Após formada, teve a oportunidade de trabalhar em boas empresas, e na sua área, mas percebeu que havia alguma coisa errada, algo não a satisfazia, sabia que ali não era o seu lugar.

Com a ajuda da terapia, decidiu buscar aquilo que lhe fazia feliz, resgatou então o desejo de ser Comissária de voo. Esse era o momento de fazer algo que sempre quis e não tinha feito.

Achava que com a sua idade, 32 anos, não seria contratada por nenhuma Cia. Aérea, então encarou o curso como uma realização pessoal.

Visitou algumas escolas de aviação em Porto Alegre e quando entrou na FLIGHT, conversou com as pessoas, viu as instalações, percebeu que as pessoas da equipe da escola tinham o mesmo amor pela aviação que ela tinha. Todos eram bobos com a aviação, como ela. Constatou, ali, que estava em casa.

O primeiro NÃO, aconteceu já logo no início, pois, ela só poderia entrar na próxima turma, e o tempo, não era algo a seu favor. Estávamos em outubro e o curso só começaria em março. Inconformada, ao chegar em casa, ligou de volta para a escola.

Após conversar com a direção se comprometeu a recuperar as aulas da turma que já estava em andamento. Então, foi dado sinal verde para seu início, desde que ela viesse no dia seguinte, já com seu uniforme dentro dos padrões informados.

Chovendo horrores, precisando comprar um sapato, sem conhecer a cidade, com o uniforme para ser ajustado, com a bateria do telefone terminando, sem internet, sem ter onde ficar em Porto Alegre, ela saiu da escola. É um teste, pensou ela. Não vou desistir.

Com R$150,00 de limite no cartão de crédito ela reservou um hotel que custou R$145,00. E foi em busca de seu sapato, meia calça, maquiagem, escova de dente e até calcinha, pois ela não havia saído de Caxias com a intenção de ficar fora de casa naquela noite.

No dia seguinte, com seu uniforme GG sobrando tecido de todos os lados (era o único no estoque da escola naquele dia), com cabelo solto e sem o sapato adequado, percebeu como havia superado o segundo “NÃO” que as dificuldades apresentaram. Percebeu que todas as meninas estavam com cabelo preso, e imediatamente prendeu seu cabelo. Foi aprendendo tudo aos poucos. Mantendo sempre aquele desejo de fazer as coisas acontecerem.

Com a orientação da escola ela percebeu que poderia sim entrar na aviação. Então investiu em sua formação, levando muito a sério seu curso e realizando cursos complementares que lhe dariam um CV completo, para construir uma imagem de interesse por ser uma profissional excelente. Usou suas férias para repor as aulas que ela havia perdido.

Abriu mão de muitas coisas durante sua formação como a presença de seus amigos e família, além da rotina a que estava acostumada. Mal sabia ela que já estava se condicionando a peculiaridades da profissão.

Chegou o dia da tão temida prova da ANAC e ali o terceiro “NÃO” mostrou a sua cara. Choveu muito forte em Porto Alegre, alagando diversas partes da cidade e dificultando a movimentação pelas ruas. Ela não conseguiu chegar no horário marcado e perdeu a prova.

Em contato com à ANAC, foi orientada a abrir um protocolo para refazer a prova em outra data.
Inconformada, no dia seguinte retornou à ANAC e percebeu que o quarto “NÃO” estava chegando, pois, seu recurso seria negado se ela não adicionasse reportagens de jornais informando os acontecimentos na cidade naquele dia.
Com seu carisma, cativou pessoas, conseguindo muita ajuda para contornar os problemas que apareciam em seu caminho.

Aguardando o retorno da ANAC, cancelou uma viagem ao Uruguai e acabou que ela foi chamada pra refazer sua prova, justamente no dia da viagem. Assim, ela driblou mais um “não” que a vida estava preparando.

Passou na prova, errando apenas 1 questão nos 4 blocos. Estava muito preparada.

Sempre teve uma postura “moleca”, e isso a deixava com medo de não estar no padrão da aviação, com relação a roupa, cabelo, etc… Sempre procurou fazer as coisas com perfeição e se incomodava muito quando as coisas não aconteciam como ela queria. Mas o curso na FLIGHT e o Mentoring, à ajudaram a trabalhar as questões que a deixavam insegura.

Em questão de dias ela foi chamada pela Azul Linhas Aéreas para realizar o processo seletivo, e já na primeira fase, um elogio da selecionadora deu a ela a certeza que estava “no padrão” e também na segunda fase.

Confiante, focada e já no hotel para realizar a segunda fase, sempre muito bem planejada, havia alternativas pra tudo, menos para o quinto “NÃO” que a vida estava planejando lhe apresentar. Sua saia (a única) teve o zíper descarrilhado (se fala assim?), um lado soltou do outro… e faltavam 30 minutos para a seleção iniciar.

Em uma operação conjunta ela e a recepcionista do hotel conseguiram fechar o zíper, porém isso a obrigou a ficar o dia inteiro da seleção sem ir ao banheiro.

Hoje como Comissária de voo da Azul Linhas Aéreas, ela percebe que todos os “NÃOS” e desafios que a vida apresentou, prepararam-na para a profissão, persistindo e contornando os obstáculos ela aprendeu que apesar de seu maior medo ser “errar”, seus erros neste percurso foram exatamente o que moldaram a profissional que a empresa buscava.
A perfeição está nos erros!

Cmra Lisiane Faria

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